Seita Nova Acrópole: do império acropolitano ao ocaso burguês
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Enquanto alguns entregam toda sua energia, outros vivem no luxo… |
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Introdução
A Nova Acrópole nunca foi, de fato, uma simples escola de filosofia. Desde sua fundação, trazia consigo ambições de ordem imperialista. Inspirada nas mesmas raízes ideológicas que alimentaram o Nazismo, a instituição cultivou o ideal de formar uma nova raça superior, com pretensões de instaurar uma ordem civilizatória alternativa.
Com o colapso dos regimes totalitários do século XX e o trauma coletivo gerado pelas atrocidades do Nazismo, a Nova Acrópole se viu forçada a abandonar seu discurso belicoso e reformular sua imagem pública. Vestiu-se de cores culturais, filosóficas e voluntárias — mas manteve intacta sua estrutura hierárquica, autoritária e esotérica. No lugar do militarismo, veio o verniz acadêmico. No lugar da violência, a manipulação simbólica e emocional. Mas o mesmo objetivo: obediência e submissão dos “discípulos”, para manter o seu projeto de poder.
Hoje, o que resta da Nova Acrópole é uma engrenagem sustentada pelo trabalho não-remunerado de milhares de voluntários, enquanto uma elite burguesa usufrui de prestígio, conforto e poder dentro da organização.
Este artigo tem como objetivo revelar as verdadeiras intenções de Jorge Ángel Livraga Rizzi — fundador da Nova Acrópole — e da instituição que construiu. As bases desta análise são os próprios documentos e publicações internas da organização, muitos dos quais mantidos em segredo, longe dos olhos do público e mesmo da maioria dos seus membros.
Ao longo dos anos, várias denúncias já associaram a Nova Acrópole a práticas e ideologias de viés nazifascista. No entanto, a maioria dessas tentativas pecou pela superficialidade e pela falta de provas documentais. Agora, com a disponibilização de um vasto acervo de materiais internos — por um grupo anônimo que rompeu o silêncio — é possível apontar com precisão onde estão essas evidências, permitindo que o próprio leitor investigue e tire suas conclusões.
Relatório da Inteligência do Governo Brasileiro, sobre a Nova Acrópole: https://gofile.io/d/Zsf7wI
Antes de avançarmos, é importante conhecer alguns termos essenciais que ajudarão a compreender a estrutura e o vocabulário interno da Nova Acrópole:
- Bastião — Artigos mensais escritos pelos Mandos Máximos (MM), os mais altos dirigentes da organização, endereçados aos membros em geral. No passado, esses textos eram amplamente acessíveis. Hoje, são lidos exclusivamente por instrutores e é expressamente proibido reproduzi-los ou mesmo anotar seu conteúdo. Se você é um membro iniciante, tente solicitá-los e observe a reação.
- Almena — Publicações mensais dos mesmos MM, direcionadas à cúpula religiosa da instituição: os chamados Machados.
- Mandos — Artigos voltados aos Mandos Nacionais (MN), que ocupam cargos equivalentes aos de diretores nacionais.
- Forças Vivas (FFVV) — O núcleo religioso da Nova Acrópole, cuja influência permeia toda a estrutura organizacional.
📂 Acesso ao acervo: Google Drive — Documentos internos da Nova Acrópole
Agora que os conceitos básicos estão claros, podemos seguir.
Nova Acrópole como um Império Filosófico-Nazista
Atualmente, a Nova Acrópole se apresenta ao público como uma organização cultural dedicada à promoção da filosofia, da cultura e do voluntariado. Seu discurso institucional afirma que ela se inspira nas antigas escolas de filosofia, como o Liceu de Aristóteles ou a Academia de Platão, sugerindo que sempre existiram organizações semelhantes à Nova Acrópole ao longo da história. Essa é, no entanto, uma distorção deliberada da realidade histórica e da natureza da própria organização.

A verdade é que a Nova Acrópole jamais foi concebida como uma escola de filosofia no sentido tradicional. Sua fundação e estrutura foram moldadas com propósitos muito distintos — de cunho autoritário e imperialista, com roupagem esotérica. Basta analisar o conjunto de práticas internas da instituição, sua hierarquia militarizada, o uso de uniformes, juramentos secretos e cultos simbólicos que colocam Jorge Ángel Livraga como figura central e quase sagrada, para perceber que seu modelo organizacional está muito mais próximo do sistema criado por Adolf Hitler do que de qualquer tradição filosófica clássica.
Para compreender isso com mais clareza, recomendamos fortemente que assistam ao documentário “Nazis — A Conspiração do Ocultismo” (assista aqui). Nele, é possível observar como o Nacional-Socialismo não apenas se apoiou em estruturas esotéricas, mas criou toda uma simbologia, rituais de iniciação, organização hierárquica e culto à liderança, com o objetivo de consolidar um império ideológico disfarçado de missão espiritual. O paralelo com a Nova Acrópole é inevitável.
“Ciertamente, el tiempo-historia de NUEVA ACRÓPOLIS es forzosamente limitado. Nuestra misión está en este “gozne” que proporcionará las mejores condiciones posibles al advenimiento de la sexta subraza de la quinta Raza, nuestras Almas irán por delante de las formas y esquemas y se insertarán en el desarrollo mismo de esta nueva subraza y sus características que apenas vislumbramos. Es bueno no olvidar esto.”
Mando nº 2 — Tempo de Vida de Nova Acrópole, por Jorge Angel Livraga
Assista com atenção e tome nota. Compare com os bastidores da Nova Acrópole. Se você já é parte das Forças Vivas (FFVV) — o núcleo religioso da instituição — perceberá facilmente as correlações: os rituais, os símbolos, os títulos, o juramento de obediência, os graus de iniciação, a militarização simbólica e o elitismo doutrinário. Nada disso tem qualquer relação com as verdadeiras escolas de filosofia da antiguidade.
Se você ainda é um membro em fase inicial de integração, talvez não perceba esses elementos de imediato. No máximo, notará pistas sutis — algumas frases que soam estranhas, uma linguagem excessivamente exaltada, uma reverência velada à hierarquia, ou o incômodo silêncio em torno de temas proibidos. Mas com o tempo, caso escolha avançar, entrará em contato com o núcleo da organização e verá por si próprio. O alerta aqui é importante: quanto mais profundo for o envolvimento, mais difícil será reconhecer e desfazer a dissonância cognitiva que se instala.
Como exemplo direto, destacamos um trecho extraído do Bastião Nº 89 — O Progresso e Expansão da Organização Internacional Nova Acrópole. Esse documento, escrito pelo próprio alto comando da instituição, detalha o crescimento da organização sob uma lógica de expansão territorial, controle hierárquico e fortalecimento doutrinário — em tudo semelhante à retórica de construção imperial.
📄 Leia a versão completa do Bastião nº 89 aqui
A construção de um império ideológico: análise do Bastião nº 89
O Bastião nº 89 é um dos documentos internos mais reveladores da Nova Acrópole. Nele, Jorge Ángel Livraga descreve a estratégia de expansão da organização com uma clareza que deixa pouco espaço para dúvidas quanto às verdadeiras intenções do projeto: não se trata de uma difusão de ideias filosóficas no sentido socrático, mas da construção de uma máquina ideológica, hierárquica e totalizante. Abaixo, destacamos trechos-chave e seus respectivos comentários:
1. A rejeição da civilização atual e a construção de uma identidade isolada
“Aunque estemos forzosamente insertos en la presente forma civilizatoria, en cualquiera de sus dos caras, ya sea el materialismo liberal o el materialismo marxista, nosotros no pertenecemos a esas formas. Somos extraños a ellas.”
O texto constrói uma dicotomia radical: a Nova Acrópole se coloca fora da história e da sociedade modernas, rejeitando as formas políticas dominantes do Ocidente e do Oriente. Essa atitude ecoa a visão nazista de “superioridade cultural” e “incompatibilidade com a decadência moderna”, justificando assim a necessidade de uma nova ordem separada e superior.
2. A proposta de um regime alternativo: a Ditadura Filosófica
“No creemos que la Democracia sea el mejor sistema de gobierno
No creemos que la Tiranía sea el mejor sistema de gobierno. Creemos, con Platón, en la Dictadura Filosófica.”
Aqui, JAL propõe abertamente um sistema antidemocrático, não baseado na escolha popular nem na força bruta, mas sim numa elite filosófica esclarecida — uma “ditadura do bem”. No entanto, na prática, isso serve como justificativa para a centralização absoluta de poder em uma liderança autodeclarada iluminada, como foi o caso do Führer no regime nazista. A diferença é apenas de roupagem: sai a farda, entra a toga simbólica do “filósofo-rei”.
Nem o próprio Platão, que defende essa ideia na ‘República’, consente que isso seria possível na prática. Haja visto o que escreve ao final da vida nas ‘Leis’.
3. O culto à separação doutrinária e elitismo espiritual
“No creemos en el derecho que otorga el número, sino en el que se desprende de los justos deberes cumplidos rectamente, en concordancia con la Naturaleza.”
A frase rejeita explicitamente a democracia numérica (o voto popular), substituindo-a pela meritocracia espiritual segundo a “natureza” — conceito ambíguo que permite justificar qualquer tipo de hierarquia. É a mesma lógica usada por regimes totalitários para legitimar castas dirigentes: não importam as massas, importam os “puros”, os “melhores”, os “mais alinhados com a ordem natural”.
4. A negação de todas as correntes religiosas exotéricas
“No creemos que ninguna religión de las llamadas ‘exotéricas’ o populares esté en posesión de una Mística Profunda que contacte con los Misterios.”
Há aqui um desprezo declarado pelas religiões tradicionais da humanidade, reduzidas a formas “populares” e ineficazes. Isso abre espaço para a imposição de uma mística interna exclusiva, secreta, superior — exatamente como os nazistas fizeram com suas sociedades ocultistas paralelas às religiões institucionais (como a Thule Gesellschaft).
5. O apelo ao combate e à militância ideológica
“De prudencia también, obvio, pero de una prudencia que se base en una táctica de penetración ideológica y no en el temor de ir a parar preso, pagar una multa o recibir un balazo.
La MILITANCIA ES FUNDAMENTAL.
Un Acropolitano SIN MILITANCIA NO ES UN ACROPOLITANO… sino apenas un Miembro… que estudia y paga su cuota.”
O texto conclama todos os membros a se tornarem militantes ideológicos, estabelecendo que não basta estudar ou participar: é preciso “penetrar” ideologicamente na sociedade. Essa linguagem de infiltração lembra expressões empregadas tanto por movimentos revolucionários quanto por sistemas de doutrinação autoritária, como o nazismo e o bolchevismo, que viam cada membro como um agente ativo de transformação (ou subversão) da ordem estabelecida.
6. A denúncia da “covardia” dos teosofistas e a crítica ao universalismo fraterno
“[…] jamás se proclamaron claramente a favor ni en contra de nada ni de nadie. Esta actitud puede aparentemente justificarse refiriéndonos a la ‘fraternidad’… […]
Hacer lo contrario es antifraternal, es desentenderse del hermano, es abandonarlo a su suerte de la manera más egoísta.”
A crítica aqui é direcionada a outros movimentos espiritualistas (como a Sociedade Teosófica), que optaram por uma postura de neutralidade. JAL (Jorge Angel Livraga) rejeita essa neutralidade como covardia. Isso fortalece a ideia de que a Nova Acrópole deveria assumir posições claras, combativas, até mesmo em confronto com outras correntes esotéricas ou religiosas, reforçando seu papel como um projeto de hegemonia ideológica e espiritual.
O Bastião nº 89 deixa evidente que a Nova Acrópole, ao contrário de se apresentar como uma escola de filosofia aberta ao diálogo e à reflexão crítica, se estrutura como uma organização doutrinária, hierárquica e exclusivista, que rejeita os fundamentos das democracias modernas, das religiões tradicionais e dos direitos civis universais.
A defesa explícita de uma “Ditadura Filosófica”, a negação do valor da democracia, a exaltação da militância ideológica e o apelo à separação civilizatória criam paralelos inegáveis com o projeto nazista de construção de um império ideológico e espiritual, agora sob o disfarce de uma missão cultural ou filosófica.
Este documento — público apenas aos membros iniciados — é uma confissão clara da natureza real do projeto de Livraga: a criação de um império filosófico-religioso com base elitista, autoritária e separatista, muito distante da tradição filosófica grega que ele alega representar.
Caso não seja suficiente, leia o livro “Ideario”, de Jorge Angel Livraga Rizzi: https://drive.google.com/file/d/1c7PQKfdH7wCUrtbBYlE-sJjwmeWgyUyq/
Por que a Nova Acrópole mudou o discurso
A Nova Acrópole não nasceu democrática — e tampouco plural. Sua origem esteve, desde os primeiros anos, profundamente entrelaçada com regimes autoritários, especialmente durante o conturbado contexto político da América Latina e da Europa do pós-guerra. Para consolidar-se e expandir sua doutrina, a organização fez alianças estratégicas com diversas ditaduras militares, utilizando o discurso anticomunista como ponte ideológica.

Na Argentina, por exemplo, a Nova Acrópole se apresentou como um bastião de resistência contra o marxismo, apoiando ativamente a ditadura militar. Há registros — inclusive relatos internos e menções em documentos como o livro O Grande Engano — de que seus membros pegavam em armas em nome do combate ideológico. A organização era vista pelas autoridades como uma aliada confiável contra a esquerda revolucionária.
No Chile, Jorge Ángel Livraga Rizzi não escondia sua proximidade com o general Augusto Pinochet. Em reuniões privadas com membros das Forças Vivas (FFVV), se gabava abertamente de sua amizade com o ditador chileno, reafirmando seu compromisso com a luta contra os “inimigos da ordem”.
Na Espanha, matriz internacional da Nova Acrópole, o apoio à ditadura franquista também era explícito. Livraga escreveu verdadeiras odes a Francisco Franco, tratando-o como figura histórica alinhada aos ideais acropolitanos. Durante o regime, a Nova Acrópole encontrou terreno fértil para se organizar e expandir sem ser incomodada — afinal, compartilhava da mesma estrutura hierárquica autoritária, do mesmo militarismo simbólico e do mesmo discurso “moralista”.
Contudo, esse cenário começou a ruir nas décadas seguintes. Todas essas ditaduras caíram, e com elas o apoio institucional e a blindagem política da qual a Nova Acrópole desfrutava. A ascensão da democracia e a retomada dos valores liberais e pluralistas colocaram em xeque o projeto imperial acropolitano.
Na Europa democrática, marcada pela profunda memória do trauma nazista, a Nova Acrópole foi rapidamente desmascarada: associações acadêmicas, grupos de direitos humanos e a sociedade civil passaram a identificá-la como uma seita de viés neonazista, adotando posturas de isolamento, denúncia e vigilância. Países como França, Bélgica, Espanha e Alemanha criaram barreiras, denúncias e dossiês alertando sobre o caráter autoritário e ocultista da organização.
A ironia é que, apesar de rejeitada e marginalizada pela sociedade europeia, a cúpula da Nova Acrópole permanece até hoje sediada justamente na Europa, especialmente em cidades como Madrid, onde sua atuação é meramente simbólica e irrelevante em termos sociais ou culturais. Enquanto isso, seus dirigentes mais “elevados” — detentores de cargos vitalícios, títulos esotéricos autoconferidos e sustentados pelo financiamento proveniente das bases periféricas — vivem numa bolha de conforto e privilégio, completamente alheios à realidade concreta de seus seguidores. Paradoxalmente, a organização floresce não onde está seu cérebro, mas onde encontra terreno fértil na ignorância histórica e institucional do Terceiro Mundo.
É nos países onde a memória histórica do Nazismo é fraca ou quase inexistente — como Brasil e Peru — que a Nova Acrópole encontrou seu campo mais fértil. Ali, vende-se como um centro inofensivo de estudos filosóficos e voluntariado, enquanto reproduz, em camadas internas, toda a doutrina que foi progressivamente ocultada na Europa.
Para sobreviver ao novo mundo democrático, a organização teve que adotar uma dupla face:
– Uma fachada pública moderada, cultural e pacífica;
– E uma estrutura interna estritamente hierárquica, ritualística, baseada em graus iniciáticos, ritos secretos e uma elite espiritual, onde os elementos doutrinários mais radicais são mantidos vivos.
A linguagem explícita sobre “Ditadura Filosófica”, os elogios a regimes militares e os símbolos de inspiração esotérica-fascista foram sendo restringidos aos círculos internos, principalmente às Forças Vivas e aos chamados “Machados”, onde o conteúdo original da doutrina de Livraga segue sendo transmitido sem mediação nem censura.

Essa mutação discursiva não foi uma evolução moral, mas uma estratégia de sobrevivência. A Nova Acrópole apenas se adaptou ao cenário internacional para evitar perseguições legais, cancelamentos e vigilância. Mas, em essência, sua estrutura permanece a mesma: um projeto de poder espiritual e ideológico com raízes profundamente autoritárias e anti-humanistas.
A elite burguesa sustentada pelo suor de idealistas

A grande pergunta que paira no ar — e que raramente se tem coragem de formular abertamente — é simples e direta: Quem lucra com o esforço incansável, o tempo doado e os recursos financeiros de milhares de idealistas que trabalham de forma voluntária, chegando a dedicar de 10 a 40 horas por semana à Nova Acrópole, além de pagarem mensalidades altíssimas?
A Nova Acrópole se apresenta publicamente como uma organização sem fins lucrativos e movida pelo “voluntariado”. Mas esse discurso, repetido à exaustão, esconde uma estrutura altamente centralizada, financeiramente concentrada e juridicamente duvidosa. Na prática, os voluntários são os que sustentam todo o império acropolitano — e uma elite dirigente burguesa é quem colhe os frutos.
A engenharia institucional da Nova Acrópole opera por meio de uma rede de CNPJs distintos, como se cada escola local fosse autônoma e desvinculada. Isso serve para camuflar a subordinação rígida e vertical à estrutura nacional e internacional, uma prática que pode ser caracterizada como fraude associativa, pois fere o princípio de independência legal que essas entidades deveriam manter.
Cada membro comum paga mensalidades que variam entre R$ 200 e R$ 400 por mês. O valor parece ser destinado à escola local — mas apenas parcialmente. Estimativas conservadoras revelam que:
- Cerca de R$ 30 por aluno são repassados diretamente à direção nacional (Brasil-Norte ou Brasil-Sul, dependendo da jurisdição).
- US$ 1 por aluno é enviado mensalmente à diretoria internacional, na Europa.
Com base na estimativa de membros ativos, isso representa:
- Mais de R$ 200 mil mensais arrecadados pela cúpula internacional, em dólar.
- Aproximadamente R$ 60 mil mensais por cada direção nacional brasileira, apenas com a base de alunos pagantes regulares.
E os custos não param por aí.
Membros das Forças Vivas (FFVV), núcleo religioso da instituição, pagam em torno de R$ 100 mensais, também divididos entre as esferas nacional e internacional. Já os diretores de escola (chefes de filiais) pagam uma taxa mensal de aproximadamente R$ 300 — valor que vai para o diretor nacional responsável. Os Machados (membros da cúpula espiritual) pagam cerca de R$ 400 mensais, e assumem o compromisso, formal ou informal, de legar seus bens para a Nova Acrópole após a morte, numa espécie de testamento ideológico.
Essa concentração de recursos financeiros permite que os diretores nacionais e internacionais vivam com conforto, financiados pelo trabalho voluntário de instrutores, coordenadores, alunos e diretores de escolas — todos trabalhando gratuitamente, com disciplina quase militar, por uma causa que acreditam ser filosófica.
Enquanto isso, os altos dirigentes viajam com frequência, hospedando-se em hotéis de luxo, sendo servidos por membros comuns, e usufruindo do melhor em alimentação, lazer e conforto — tudo pago, direta ou indiretamente, pelos próprios voluntários que trabalham para manter a estrutura funcionando.
O discurso do “voluntariado” se sustenta apenas para as camadas inferiores da pirâmide. No topo, reina uma casta privilegiada, blindada e silenciosa, que vive do idealismo alheio, enquanto prega austeridade e disciplina à base.
O que se construiu, no fim das contas, não é uma escola de filosofia — mas um sistema de transferência simbólica e financeira, onde os sacrifícios de muitos alimentam os privilégios de poucos.
O caso de Lúcia Helena Galvão Maya

Entre todos os rostos públicos da Nova Acrópole, Lúcia Helena Galvão Maya é, sem dúvida, o mais conhecido. Projetada a partir do trabalho incansável de militância dos membros da instituição, que a promovem como referência filosófica em vídeos, eventos e redes sociais, Lúcia ultrapassou as fronteiras da organização e se consolidou como uma figura de autoridade filosófica no Brasil — ainda que não possua nenhuma formação acadêmica formal em Filosofia.
Seu carisma, oratória treinada e vasta produção de conteúdo fizeram dela um fenômeno nas plataformas digitais. O canal oficial da Nova Acrópole é, na prática, seu principal palco, utilizado para alavancar sua imagem e, com ela, os valores da organização. Contudo, o que poucos sabem é que a sua ascensão midiática não é fruto de um esforço individual espontâneo, mas de uma estratégia deliberada de marketing institucional, sustentada por milhares de voluntários e instrutores que atuam gratuitamente na divulgação de seu nome.
Ao conquistar notoriedade fora dos muros acropolitanos, Lúcia Helena passou a cobrar valores elevados por palestras privadas, cursos e conferências, muitas vezes superando os R$ 60 mil por apresentação — cifras muito superiores à realidade da maioria dos membros da organização, que vivem com sacrifícios pessoais para manter a “Obra” funcionando.
Parte considerável desses valores é, segundo relatos de bastidores, direcionada à estrutura nacional da Nova Acrópole. No entanto, há um aspecto ainda mais delicado nesse arranjo: Lúcia Helena tem adquirido imóveis em seu próprio nome, os quais são posteriormente alugados às escolas da Nova Acrópole, gerando assim renda passiva mensal com base no capital da própria instituição — e, por consequência, alimentada pelos recursos financeiros dos alunos e voluntários.
Essa operação representa, na prática, uma engrenagem pessoal de enriquecimento e aquisição de bens, construída sobre o discurso do voluntariado, da simplicidade e da filosofia como missão de vida.
Enquanto membros e instrutores continuam doando horas semanais de trabalho gratuito, alguns líderes transformaram o ideal filosófico em uma máquina de renda privada, camuflada sob a ideia de “serviço” à humanidade. A imagem de Lúcia Helena como “filósofa popular” esconde os bastidores de uma estrutura de poder que concentra prestígio, capital e patrimônio — tudo sustentado pela fé e pelo esforço silencioso de seus seguidores.
O luxo e o “trabalho” da cúpula internacional
Enquanto milhares de membros dedicam horas semanais de trabalho voluntário à Nova Acrópole — seja dando aulas, organizando eventos ou realizando tarefas operacionais — a cúpula internacional da instituição desfruta de uma vida de luxo na Europa, sustentada pela base obediente e financeiramente explorada dos países onde a organização mais prospera, especialmente na América Latina.
O chamado “trabalho” da cúpula se resume, essencialmente, a manter o sistema de obediência e hierarquia funcionando, garantindo que nenhum membro se desvie da estrutura vertical de comando. Isso envolve discursos simbólicos, rituais doutrinários e o reforço constante da ideia de que os líderes máximos da Nova Acrópole são representantes de uma missão superior, conectados a planos espirituais invisíveis.
Carlos Adelantado, atual Mando Máximo, é o exemplo mais evidente dessa dinâmica. Em sua última visita ao Brasil, em 2024, afirmou publicamente ser o canal de comunicação direta entre Nova Acrópole e a Grande Hierarquia da Fraternidade Branca — uma suposta entidade espiritual que, segundo a doutrina interna, governa a evolução do planeta. Essa declaração não apenas legitima sua autoridade incontestável dentro da organização, como também inibe qualquer questionamento, tratando divergência como ignorância espiritual ou traição à missão.
Apesar do grau de centralização e da enorme movimentação de recursos envolvidos, jamais houve qualquer auditoria independente sobre o trabalho dessa cúpula, tampouco qualquer prestação de contas sobre os gastos, decisões ou conduta dos dirigentes internacionais e nacionais. A estrutura se mantém opaca, blindada e imune a qualquer forma de controle ou fiscalização externa — ou mesmo interna.
Denúncias de assédio moral, manipulação psicológica e abusos diversos têm surgido ao longo dos anos, mas quando conseguem romper o muro de silêncio e medo instaurado pela cultura organizacional, são rapidamente abafadas. Os poucos que tentam “levar para cima” os casos, com a esperança de que os escalões superiores atuem com justiça, são sistematicamente entregues aos Mandos Nacionais, que cuidam de sua expulsão e do apagamento de seus nomes.
O sistema se retroalimenta com base no medo, na lealdade cega e na promessa de pertencimento a uma elite espiritual. Enquanto isso, os dirigentes internacionais vivem confortavelmente, viajando com todas as despesas pagas, hospedando-se em hotéis luxuosos, e sendo tratados como semideuses por aqueles que trabalham, doam, limpam, servem e obedecem.
O contraste entre o discurso de simplicidade, desapego e idealismo e a vida de privilégios e impunidade da cúpula internacional é a síntese mais clara do que a Nova Acrópole realmente se tornou: uma organização hierárquica com traços de culto, sustentada pela devoção de idealistas e conduzida por líderes que jamais foram responsabilizados por seus atos.
SUGESTÃO: PEÇA A PRESTAÇÃO DE CONTAS DA SUA ESCOLA E DO SEU PAÍS. SE VOCÊ JÁ É MEMBRO, É UM DIREITO SEU. VEJA SE SERÁ ATENDIDO.
LEIA O ESTATUTO DA SUA SEDE, VEJA SE ELE É CUMPRIDO, SE VOCÊ TEM ACESSO…
SE VOCÊ DESEJA CONTAR SUA HISTÓRIA, FAZER ALGUMA DENÚNCIA OU ENVIAR ALGUM DOCUMENTO, NOSSO E-MAIL É vitimasnovaacropole@atomicmail.io