Do Mestre ao Golpista: o Renascimento de Talal Husseini como Guru Akbar

Talal "Akbar" Husseini, na época do lançamento do livro Paz Guerreira

Este texto é fruto de investigação jornalística independente, com base em relatos, documentos públicos e experiências diretas. Está protegido pelas garantias constitucionais de liberdade de expressão e imprensa.

Por mais de uma década, até o ano de 2012, Talel Habib Husseini construiu uma imagem pública de mestre espiritual, empresário visionário e líder filosófico. Sob o nome de Talal, ocupou posições de prestígio na Nova Acrópole de Curitiba, fundou empresas, lançou livros e atraiu seguidores por meio de um discurso que mesclava ética, sabedoria ancestral e promessa de prosperidade. À sua volta, formou-se uma estrutura simbólica e institucional que lhe conferia respaldo e influência.

No entanto, o que parecia ser um projeto de transformação pessoal e coletiva entrou em colapso, revelando — segundo relatos e documentos reunidos por ex-membros da Associação Nova Acrópole — uma rede de promessas financeiras não cumpridas, perdas milionárias e mais de 200 pessoas afetadas. Diante das denúncias, a resposta da Nova Acrópole, organização à qual ele esteve vinculado, não incluiu apuração transparente ou responsabilização formal. E quando os impactos começaram a surgir, segundo essas mesmas fontes, prevaleceram o silêncio e a proteção institucional.

Mais de uma década depois, o protagonista da história ressurge com nova identidade, outro discurso e vínculos familiares de caráter duvidoso. Rebatizado como Akbar, apresenta-se agora como um “ronin espiritual”, sem qualquer menção ao passado. Mas os rastros — emocionais, materiais e simbólicos — permanecem presentes nos depoimentos de quem confiou, investiu e hoje carrega marcas profundas da experiência.

Este dossiê reconstrói os principais capítulos dessa trajetória, com base em entrevistas, documentos e relatos inéditos, buscando compreender como uma figura tida como mestre espiritual tornou-se, para muitos de seus ex-seguidores, o pivô de um dos episódios mais controversos ligados à Nova Acrópole no Brasil, instituição que intitula-se como promotora da filosofia e de valores morais atemporais — e porque, mesmo após os prejuízos relatados, ele continua impune e sem impedimentos para repetir os mesmos tipos de condutas.

A Figura do Mestre

Talal Akbar Husseini em evento com atores famosos "convidados", para comemorar o sucesso do livro Paz Guerreira. Entre eles, Caco Ciocler e Murilo Rosa.

Como diretor da Nova Acrópole de Curitiba, Talel Habib Husseini — conhecido como Talal — construiu uma imagem que ia além da de um simples instrutor de filosofia. Apresentava-se como conhecedor de tradições orientais e ocidentais e como praticante e divulgador da arte marcial Nei Kung, descrita por ele como um caminho de transformação espiritual e domínio emocional. Com discurso elegante e postura sóbria, utilizava expressões como “ética atemporal” e “autodomínio” para reforçar sua autoridade simbólica — frequentemente associada a práticas ritualísticas e linguagem refinada.

A estrutura da Nova Acrópole oferecia o cenário ideal para consolidar essa imagem. Com acesso a auditórios, bibliotecas e um público predisposto à reverência, Talal atraiu um círculo de seguidores que o enxergavam como guia espiritual. A prática do Nei Kung, restrita ao ambiente da organização, reforçava a ideia de que ele detinha um saber diferenciado.


Além do papel de instrutor, Talal acumulava outros títulos. Era apresentado como diretor internacional do Instituto Bodhidharma e como presidente do grupo empresarial TH Prime, que reunia diversas empresas promovidas como alinhadas a valores filosóficos. Essa combinação entre discurso espiritual e presença no mundo dos negócios ajudava a construir uma aura de liderança abrangente — e pouco questionada dentro do ambiente institucional, segundo ex-integrantes.

Sua atuação o colocava como um articulador de símbolos e narrativas, unindo tradição e modernidade para ocupar posições de prestígio. De acordo com diversos relatos, sua influência se dava não apenas por função formal, mas por carisma e capital simbólico — o que lhe permitia exercer liderança com ampla margem de autonomia.

 

O Modelo de Investimento

Em encontros realizados na sede da Nova Acrópole, localizada em área nobre, no centro de Curitiba, Talel Husseini também se apresentava como empresário bem-sucedido. Apontado como dono de um Porsche Cayenne, falava em abrir um banco e afirmava que “um filósofo sem dinheiro não pode mudar o mundo”. Com esse discurso, passou a apresentar, a seguidores próximos, propostas de investimento pessoal.

Evento da TH Prime na Nova Acrópole de Curitiba
O primeiro contato se dava em eventos como o “TH Prime I”, que combinavam palestras, dinâmicas motivacionais e exposição de ideias sobre autossuperação e mentalidade próspera. Participantes considerados mais engajados eram convidados para o “TH Prime II”, onde, segundo diversos relatos, eram introduzidas oportunidades de aplicar recursos financeiros. Prometia-se, ainda conforme esses relatos, uma rentabilidade mensal de 2%, superior à do mercado convencional. Aqueles que investissem quantias elevadas — acima de R$ 1 milhão — recebiam símbolos de distinção, como um anel de esmeralda e acesso direto ao círculo mais próximo de Talal.

A proposta era envolta em simbologia, prestígio e um senso de missão espiritual. Prosperidade e filosofia eram apresentados como partes de um mesmo caminho. Muitos seguidores, convencidos da legitimidade do projeto e da figura que o liderava, decidiram participar financeiramente.

 

A Engrenagem do Prestígio


Enquanto ganhava prestígio entre seus seguidores, Talel Husseini ampliava sua visibilidade pública. Em 2011, lançou o livro Paz Guerreira, promovido com forte apoio da estrutura da Nova Acrópole. Instrutores e voluntários foram mobilizados para comprar, divulgar e comparecer aos lançamentos. A obra chegou às listas de mais vendidos da PublishNews, resultado — segundo ex-membros — de uma estratégia coordenada de autopromoção com aparência de sucesso editorial espontâneo.

Uma das ações de divulgação do livro Paz Guerreira, promovidas pela Nova Acrópole

Centenas de Membros de Nova Acrópole, de todo o país, que foram "prestigiar" o lançamento do livro na Livraria Cultura.

Paralelamente, Talal passou a abrir empresas com a participação de seus discípulos. Conforme relatos, muitos figuravam como sócios em estruturas que não controlavam diretamente. Os empreendimentos incluíam desde editora de livros, restaurantes, construtoras, lojas de colchões até franquias de roupas de luxo. Ainda segundo ex-membros, o conjunto empresarial enfrentava dificuldades financeiras, mas mantinha uma imagem pública de expansão e sucesso.

Apesar dos sinais de desequilíbrio, a operação transmitia uma aparência de solidez. Essa estética de prosperidade, reforçada por viagens, veículos de alto padrão e um estilo de vida visivelmente elevado, funcionava como elemento de convencimento simbólico — o que, na visão de alguns ex-seguidores, favorecia a adesão de novos investidores.

 

Talal e Giovana Husseini, em viagem para Nova York, para divulgar o livro

A Implosão

Em 2012, os repasses aos investidores deixaram de ocorrer. Talal alegou falência. Estima-se, com base em depoimentos e documentos reunidos por ex-seguidores, que mais de 200 pessoas tenham sido afetadas, com perdas financeiras que, segundo estimativas, ultrapassaram R$ 20 milhões. Alunos da Nova Acrópole, voluntários e até investidores externos estavam entre os que relataram prejuízos.

Embora boa parte dos eventos ligados aos investimentos tenha ocorrido dentro da estrutura da Nova Acrópole — incluindo encontros realizados em suas sedes e relatos de que a captação fazia parte de atividades oferecidas a membros mais avançados — a instituição nunca se pronunciou oficialmente reconhecendo qualquer vínculo com os negócios conduzidos por Talal. Seu desligamento aconteceu de forma discreta, sem que fossem anunciadas apurações internas ou providências públicas para esclarecimento dos fatos.

O Papel da Nova Acrópole

Diretores nacionais de Nova Acrópole Brasil

Mesmo após alertas internos, a instituição — de acordo com essas mesmas fontes — não adotou providências para conter esse padrão de atuação. Seguidores próximos de Talal passaram a ocupar cargos estratégicos, e o prestígio de estar ao lado do “mestre” se tornava sinônimo de status e influência. Com a morte de Michel Echenique Isasa – diretor e fundador da Nova Acrópole no Brasil - em 2010, Talal teria ampliado ainda mais sua autonomia dentro da organização. Sua sogra, Luzia Helena Echenique, então já em posição de liderança nacional, passou a ser vista por muitos como sua principal apoiadora institucional.

Leia Prefácil do livro Paz Guerreira, escrito pela sogra e diretora da Nova Acrópole Brasil-SUL

Segundo relatos de integrantes da época, Luzia foi alertada sobre os riscos da atuação de Talal, incluindo possíveis prejuízos a membros que vinham realizando aportes financeiros. As respostas, relatam as fontes, variavam entre constrangimento, silêncio e afastamento dos questionadores. Aqueles que expressavam preocupação com possíveis conflitos de interesse eram, por vezes, removidos de cargos ou isolados dentro da estrutura — uma dinâmica descrita por alguns como um “exílio simbólico”.

Quando as promessas de retorno financeiro deixaram de ser cumpridas, em 2012, a instituição não anunciou investigação interna nem emitiu nota pública de esclarecimento. Luzia adotou uma postura emocionalmente abalada nos eventos internos da instituição, evocando a memória de Michel Echenique e apresentando o episódio como uma espécie de provação coletiva. Segundo testemunhas, era comum ouvi-la perguntar quem se manteria fiel ao Ideal, mesmo diante das dificuldades — o que, para alguns, soava como uma tentativa de deslocar o foco do problema central.

A saída de dirigentes e voluntários foi significativa, com algumas centenas de baixas. Muitos relataram ter investido somas expressivas e se sentiram desamparados diante do silêncio institucional. Ao longo dos anos seguintes, a presença de Talal foi sendo sistematicamente apagada: livros retirados de circulação, menções públicas excluídas, e seu nome ausente dos registros históricos da organização. A promessa de ressarcimento feita informalmente por membros próximos dele jamais se concretizou.

O que permaneceu, segundo muitos dos que vivenciaram o episódio, foi o silêncio — persistente, institucional e voltado à preservação da imagem pública da organização.

 

O Conflito de Interesses

A crise financeira envolvendo Talel Habib Husseini, em 2012, revelou mais do que promessas não cumpridas: trouxe à tona, segundo ex-membros, indícios de conflitos de interesses e uma percepção de blindagem institucional dentro da Nova Acrópole. A reação da associação — conforme relatam diversas fontes — foi marcada pela preservação de sua imagem pública, sem apurações internas conhecidas.

Luzia Helena Echenique, sogra de Talal Husseini
No centro dessa controvérsia estava Luzia Helena Echenique, diretora nacional da Nova Acrópole no Brasil e sogra de Talal. A relação familiar já gerava questionamentos sobre a imparcialidade de sua condução, e segundo testemunhos de ex-integrantes, mesmo após alertas sobre os riscos do projeto financeiro de Talal, Luzia teria optado por não intervir — chegando a afastar ou isolar internamente aqueles que expressaram preocupações.

Após o colapso, Luzia percorreu unidades da organização afirmando que Talal não mantinha vínculos formais com a Nova Acrópole. Apresentava-se, segundo relatos, como vítima da situação e conclamava os membros a manterem lealdade ao “Ideal”. No entanto, documentos e registros apontam que, ao longo dos anos anteriores, Talal teria feito investimentos relevantes na sede de campo da instituição, em São Francisco Xavier (SP). Há também relatos de cheques endereçados à Nova Acrópole sendo compensados por empresas ligadas a ele, o que gerou dúvidas entre ex-membros sobre o nível de separação entre as esferas institucional e pessoal.

Enquanto o discurso institucional era de distanciamento, muitos ex-integrantes relatam que, na prática, havia sinais de colaboração — ou, ao menos, tolerância tácita. A estrutura teria se beneficiado de melhorias financiadas durante o auge do grupo empresarial de Talal. Ao mesmo tempo, circulavam internamente orientações informais para evitar o debate público sobre o caso, gerando o que alguns chamam de “clima de silêncio”.

Grupo Paramilitar de Nova Acrópole
Segundo relatos, o “Corpo de Segurança” — grupo interno responsável pela proteção da organização — passou a agir de forma sistemática para retirar conteúdos da internet que mencionavam o episódio, incluindo denúncias e depoimentos. Algumas dessas ações, ainda segundo as fontes, teriam envolvido contato direto com ex-membros, com alertas para que se abstivessem de comentar publicamente.

Internamente, o nome de Talal foi sendo removido: seus livros foram recolhidos, menções em arquivos digitais apagadas, e materiais físicos descartados ou substituídos. Um processo descrito por muitos como uma tentativa de reescrever a história institucional.

O afastamento funcionou. A Nova Acrópole manteve sua expansão e Talal desapareceu da cena por alguns anos. Eventualmente, voltaria com outro nome — Akbar —, outra imagem pública, e, segundo críticos, com a mesma busca por influência simbólica.

Já as vítimas, em sua maioria, optaram pelo silêncio — algumas por medo, outras por vergonha, e muitas por ainda se sentirem ligadas emocionalmente à instituição. Os poucos que recorreram ao Judiciário não conseguiram, até onde se tem notícia, recuperar os valores investidos. Relatos apontam que parte do patrimônio de Talal teria sido transferida a terceiros e familiares, o que dificultou a efetividade de bloqueios.

 

Talal Husseini com os filhos de Luzia Helena, mais de 10 anos depois da falência

As Vítimas

As mais de 200 pessoas afetadas pelo colapso financeiro não eram, em sua maioria, investidores tradicionais. Eram alunos, voluntários e seguidores — muitos idealistas, jovens em busca de propósito ou pertencimento. Diversos relatos apontam que houve quem vendesse imóveis, aplicasse heranças ou deixasse empregos, convencido de que estava contribuindo para um projeto de transformação pessoal e espiritual.

As perdas financeiras foram significativas, mas os impactos emocionais, segundo depoimentos, foram ainda mais profundos: episódios de depressão, sentimentos de vergonha, isolamento e até o rompimento de vínculos familiares. A promessa — frequentemente repetida por membros próximos a Talal — de que “todos seriam pagos” jamais se concretizou.

Silenciadas pelo medo, pela culpa ou por um sentimento de fidelidade remanescente, a maioria das vítimas optou por não expor publicamente sua experiência. Muitas se afastaram discretamente da organização. Outras seguiram participando, mesmo diante do trauma não resolvido.

 

O Retorno como Akbar

Uma década após o colapso financeiro que comprometeu o patrimônio e a confiança de centenas de pessoas, Talel Habib Husseini reaparece — agora sob um novo nome: Akbar. Deixando para trás a filosofia clássica, apresenta-se como um “ronin espiritual”, um mestre sem dogma, sem clã e, sobretudo, sem passado.



O retorno foi sutil. Vídeos começaram a circular nas redes sociais e no YouTube, geralmente envoltos em misticismo e relatos emocionados. Figuras públicas e influentes passaram a comentar o “impacto transformador de Akbar”: entre eles, nomes como Gustavo Arns, idealizador do Congresso Internacional de Felicidade, além de Daniel de Almeida, Mariana Bark e Jamil Salloum Jr. — todos compartilhando experiências de cura emocional e expansão de consciência. Nenhum deles faz referência ao fato de que Akbar é, na verdade, o mesmo homem que atuou por anos sob o nome de Talal — ou sequer parecem saber disso.

https://www.youtube.com/watch?v=oIT7AQV2DEo

No site oficial de sua nova identidade (icakbar.com.br), apresenta-se um conceito filosófico denominado Mente Ronin. Com uma linguagem voltada ao universo do autoconhecimento e do empreendedorismo espiritual, Akbar oferece livros, cursos e encontros, que vêm atraindo uma nova base de seguidores. O canal Realidade Fantástica, no YouTube, tornou-se uma das principais vitrines dessa nova fase, veiculando depoimentos de pessoas que afirmam ter encontrado paz, superado traumas e transformado suas vidas após contato com ele.

A reinvenção é meticulosa. Não há qualquer menção ao nome Talal Husseini, tampouco a sua trajetória anterior ou aos episódios que culminaram em ações judiciais movidas por ex-seguidores. O projeto é apresentado como inteiramente novo. Tudo parece recomeçar do zero — com exceção, talvez, das estratégias.

Ao examinar os registros públicos, surge uma conexão: o CNPJ 15.396.611/0001-78, vinculado ao site de Akbar, tem como sócios duas pessoas com vínculo familiar com Talel — sua sobrinha menor de idade à época do registro e Fernando Matos Filippo, filho de Luzia Helena Echenique, atual diretora nacional da Nova Acrópole e sogra de Talal. A presença desses nomes levanta dúvidas entre críticos e antigos membros sobre a real autonomia do novo empreendimento.

Consulta do CNPJ de "Akbar"

Quadro societário da empresa, onde consta a sobrinha menor de idade e o cunhado, filho da Luzia Helena Echenique, diretora nacional de Nova Acrópole.

O padrão, segundo essas análises, remete a dinâmicas anteriores: símbolos elevados, linguagem espiritual refinada, discurso de superação pessoal e a formação de um novo círculo de proximidade seletiva, agora sob a bandeira da “Mente Ronin”.

Embora Akbar declare não estar ligado a nenhuma instituição, o envolvimento de pessoas próximas a ele — inclusive com vínculos familiares com a alta direção da Nova Acrópole — provoca questionamentos. Para críticos, a ausência de referência ao passado e a reaproximação de antigos elos simbólicos sugerem que, mais uma vez, a transparência pode estar sendo substituída pelo silêncio.

 

A Indiferença e a Impunidade

O caso de Talel Habib Husseini não se resume à trajetória de um líder carismático que perdeu a confiança de seus seguidores. Ele também revela como uma instituição, diante de um episódio grave envolvendo questões éticas e financeiras, preferiu adotar uma postura de silêncio e contenção narrativa, em vez de promover um processo transparente de escuta, acolhimento e revisão interna.

Mais de uma década após os acontecimentos, não há registros públicos de auditorias internas, apurações institucionais ou iniciativas formais de reparação às pessoas afetadas. Tampouco houve, até onde se tem notícia, um pedido público de desculpas ou uma revisão crítica da condução adotada. Para muitos dos que vivenciaram o episódio, a ausência de responsabilização direta foi sustentada por vínculos pessoais e por uma cultura institucional avessa à autocrítica.

O nome de Talal desapareceu dos registros, mas, até hoje, não há indícios de que ele tenha sido responsabilizado pela totalidade dos danos relatados por ex-membros e ex-seguidores.

Enquanto a exposição de fatos for tratada como ameaça — e não como exercício legítimo de memória e justiça — a filosofia que se apresenta como atemporal corre o risco de perder sua substância, tornando-se apenas discurso.

Talvez o maior risco para uma organização que se propõe ética não seja a contradição entre valores e práticas, mas a recusa em reconhecer seus próprios erros. Quando instituições que falam de virtude e sabedoria se abstêm de fazer justiça entre seus próprios membros, deixam de cumprir sua missão — e passam a habitar o vazio das estruturas que apenas representam, mas não vivem, os ideais que proclamam.

Em respeito a todos os que confiaram, perderam e permaneceram calados por medo, vergonha ou lealdade, é necessário reafirmar: a verdade não é uma ameaça. A verdade é o único caminho digno.

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