Como Funciona a Seita Nova Acrópole por Dentro: Uma Jornada da Filosofia à Obediência
Por trás da fachada cultural e filosófica da Nova Acrópole — que se apresenta ao público como uma escola de filosofia à maneira clássica — esconde-se uma estrutura rígida, hierarquizada e disciplinar. O artigo revela como, após o curso introdutório, os estudantes são gradualmente conduzidos a um processo de conversão ideológica e submissão emocional, que culmina na renúncia da autonomia individual em nome de um Ideal institucional. A chamada “filosofia prática” torna-se, na prática, um sistema de obediência, sacrifício e controle de pensamento. Por meio de etapas como o provacionismo, as Forças Vivas e a Escola do Discipulado, a Nova Acrópole forma discípulos dóceis, com papéis de gênero rígidos, lealdade incondicional e até mesmo renúncia patrimonial. No ápice dessa pirâmide, os chamados Machados selam um compromisso vitalício de fidelidade e subserviência à organização, abandonando sua identidade em troca da promessa de um propósito superior. O artigo analisa documentos internos, códigos de conduta e rituais "iniciáticos" para expor o verdadeiro funcionamento da Nova Acrópole por dentro.
Introdução
Com uma fachada cultural e filosófica, a Nova Acrópole (NA) se apresenta como uma organização comprometida com a fraternidade universal, o estudo comparativo das tradições e o despertar dos potenciais humanos. Fundada há mais de 65 anos, ela está presente em mais de 50 países e opera sob o tripé “filosofia, cultura e voluntariado”. Mas para quem entra e se engaja em sua estrutura interna, a realidade vai muito além do que se mostra nas palestras e oficinas públicas.
A Porta de Entrada: O Curso de Filosofia Prática
A principal via de ingresso é o chamado Curso de Filosofia Prática (antes nomeado como "Curso de Introdução à Filosofia à Maneira Clássica"). Essa etapa, com duração de 4 a 6 meses, serve como um período de avaliação mútua entre o candidato e a instituição — um estágio conhecido internamente como "provacionismo", onde se testa tanto a lealdade do aspirante quanto sua afinidade com os ideais da organização.
O conteúdo do curso parece amplo e universalista, mas é cuidadosamente selecionado para introduzir, de forma sutil, os fundamentos esotéricos e teosóficos da organização. Entre os temas abordados estão:
- Os sete corpos do ser humano;
- A reencarnação e a evolução moral como caminho de desenvolvimento;
- A "moral atemporal" e o cultivo das virtudes;
- A teoria da ilusão da matéria;
- A figura do mestre e a relação mestre-discípulo (inspirada em A Voz do Silêncio de Blavatsky);
- Conceitos de Confúcio, Aristóteles, Plotino e outros, todos alinhados a uma visão esotérica que sustenta a estrutura interna da Nova Acrópole.
Cerimônia de Ingresso e Primeiras Matérias Internas
Ao final do curso, os alunos passam por uma cerimônia simbólica, onde recebem uma lamparina e fazem um compromisso de manter acesa a luz da sabedoria “na noite dos tempos da humanidade”. Esse momento marca o início de uma nova fase: o ingresso no ciclo interno de estudos, com as matérias “Filosofia Moral” e “Introdução à Sabedoria do Oriente”, fortemente influenciadas pela obra de Helena P. Blavatsky, fundadora da Sociedade Teosófica. É então apresentado ao símbolo geral, diante de uma pira com fogo:
A partir desse ponto, o membro começa a ser lentamente introduzido em tarefas dentro da instituição e é convidado a colaborar com frentes de trabalho, como eventos, atendimento, produção de conteúdo ou segurança.
A Filosofia Aplicada: Início da Revelação da Estrutura Esotérica
Paralelamente às matérias anteriores, inicia-se a disciplina conhecida como Filosofia Aplicada (anteriormente chamada de Filosofia Acrópolitana). É nesse momento que a instituição começa a revelar ao membro o que realmente é a Nova Acrópole por dentro.
Esse módulo marca a transição entre o nível externo (filosófico-cultural) e o nível interno (esotérico-disciplinar). Conceitos como:
- Missão espiritual coletiva;
- Hierarquia iniciática;
- Valores como obediência, sacrifício e renúncia;
- A figura mítica do Fundador como um enviado de uma ordem espiritual superior...
...são gradualmente introduzidos como fundamentos da verdadeira filosofia “prática”, que, na visão da Nova Acrópole, não é apenas refletir, mas servir a um ideal, através de ação organizada e hierárquica.
A matéria não entrega apostilas ou textos críticos. Os conteúdos são passados oralmente, com linguagem emocional e testemunhos do próprio fundador, Jorge Ángel Livraga, que se apresenta como modelo de força, superação e autoridade espiritual. As experiências pessoais dele são transformadas em alegorias iniciáticas — não debatidas, mas veneradas.
Confira o Programa de Filosofia Aplicada: https://gofile.io/d/QO7C4d
Os bastiões citados no programa, podem ser consultados em: 1. Bastiones, Almenas y Mandos - Google Drive
A Conversão do Filósofo em Discípulo Fanático
A
Nova Acrópole inicia seus cursos com a promessa de resgatar a sabedoria dos
antigos, oferecendo uma "filosofia prática" inspirada nas tradições
do Oriente e do Ocidente. No entanto, à medida que o estudante avança,
especialmente ao ingressar na disciplina chamada Filosofia Acropolitana,
inicia-se uma conversão ideológica progressiva — sutil, estruturada e
profundamente manipulativa — que transforma um buscador da verdade em um devoto
obediente de um sistema fechado.
O Discurso do Ideal
A matéria é apresentada como uma continuação natural do curso introdutório. Porém, ao invés de ampliar o pensamento crítico e plural, o conteúdo foca em inculcar a noção de Ideal como valor absoluto. O Ideal é uma entidade quase sagrada, a qual o acropolitano deve servir com "militância" e "sacrifício pessoal". O estudante passa a ouvir com frequência que "a filosofia é para homens fortes", que "a vontade deve se sobrepor à dúvida", e que "a ação contínua é a única expressão válida da sabedoria".
“Quando a Nova Ideia da Acrópole atinge, pela necessidade dos ciclos, seu estágio de manifestação, ela se torna um Ideal. Nosso Mestre JAL disse que um Ideal é uma Ideia com Vontade, com uma Vontade ativa que a leva a se expressar em planos cada vez mais densos.”
Bastião nº 209 – NOSSO IDEAL E SUA EXPRESSÃO NO MUNDO
“A Nova Acrópole não é uma invenção. A Nova Acrópole é a personificação da Força do Destino; uma encarnação da Natureza Integral para cumprir uma missão na Nova História. Somos os herdeiros naturais de nossos ancestrais, que foram governados por Reis Iniciados e mantiveram um diálogo constante com os Deuses. Devemos retornar aos nossos Ancestrais Espirituais.”
Bastião Nº 166 – AS NOVAS MURALHAS
...Ideias como estas são colocadas como máximas espirituais, fazendo a pessoa identificar a Nova Acrópole como solução para todos os problemas do mundo. E a pessoa nem percebe a tirania oculta por trás dessa ideia.
A Filosofia como Obediência
Sob o pretexto de vivenciar a filosofia de forma "prática", o conteúdo doutrinário da matéria começa a substituir a reflexão pela submissão. O estudante é incentivado a:
- Trabalhar continuamente para a instituição, mesmo com sobrecarga;
- Obedecer sem questionar os “Mandos” (autoridades da hierarquia interna);
- Desconfiar de suas emoções e julgamentos, vistos como ilusões do "corpo astral" ou do "ego inferior";
- Ver o mundo externo como corrupto e decadente, e a Nova Acrópole como única esperança de regeneração da humanidade.
Ao invés de estudar os pensadores clássicos com liberdade crítica, os textos são usados para justificar um sistema fechado, onde conceitos como hierarquia, sacrifício, missão, karma e destino são reinterpretados para fortalecer a autoridade do grupo.
“Você não pode ser glutão.
Você não pode ser lascivo.
Você não pode ser possuído por álcool
ou tabaco.
Você pode evitar o uso de drogas,
física e metafisicamente.
Você pode passar menos tempo
assistindo TV e tabloides e muito mais tempo lendo seriamente e lendo os
clássicos.
Você pode evitar ser tentado pelas curiosidades
que o levam aos antros e costumes obscuros e deselegantes deste século XX.
Você pode contribuir mais para o
Ideal, seja em estudo, trabalho ou dinheiro.
Você pode ser mais altruísta e
demonstrar maior capacidade de doação.
Você pode ser menos
"burguês" e não consertar um erro acrescentando outro.
Você pode sobreviver, sozinho ou
acompanhado.
Em resumo... VOCÊ PODE SER MAIS FORTE
DO QUE PENSA.”
Bastião nº 101 – VOCÊ PODE SER MAIS FORTE DO QUE PENSA
Paulatinamente a mentalidade expressa em conteúdos como esse, vai se transformando em crenças. Como consequência você pode perder sua autonomia e autoestima. É muito comum dentro da instituição, as pessoas medirem o seu valor pelo quanto se dedica a instituição. Sendo esperado sacrifícios emocionais e financeiros pelo bem do movimento.
Formação de Identidade Exclusiva
A linguagem própria (chamada de “Linguagem Filosófica Acropolitana”) é um elemento crucial nesse processo. Ela reforça o isolamento psicológico, criando uma identidade separada, com seus próprios termos, símbolos e metáforas — um vocabulário que, por si, já impõe um modelo mental. Essa identidade, exaltada como nobre, é reforçada com distinções claras entre os “adormecidos” e os “despertos” (os acropolitanos) — uma expressão que passa a definir quem está comprometido com a causa, ainda que silencie suas dúvidas.
Para o estabelecimento desta “identidade”, é trabalhado continuamente o que eles chamam de código de honra para os acropolitanos. Estudaremos ele abaixo, com uma análise crítica de seu conteúdo.
Análise Crítica do Código de Honra de Nova Acrópole – Bastião nº 5
Link: https://docs.google.com/document/d/16W9FLRqBi8Biak5iscxIdg1Ov705pa8b (ver segundo artigo, p. 3)
I. Trechos Gerais – “Para ambos os sexos”
- "Crer em Deus e perceber sua imortalidade de
maneira natural"
– ❗ Crítica: Impõe a crença em Deus como requisito identitário. Não há espaço para filosofias agnósticas, ateias ou racionalistas. Isso contradiz o suposto estudo “comparativo” e o discurso de pluralidade religiosa da organização. - "Contemplar a Natureza como expressão dessa
Divindade, que deve se manter descontaminada, bela e limpa. No individual,
coletivo e circundante."
– ✅ Positivo à primeira vista, mas...
– ❗Crítica: Estabelece um tipo de religiosidade panteísta como norma. Qualquer relação diferente com a natureza — científica, secular ou indiferente — é desvalorizada.
– ❗Crítica: Ele associa a natureza ao indivíduo, dentro de um padrão higienista estético específico, que nada mais é do que se isolar do mundo contaminado e viver uma vida de “pureza” dentro do caminho da própria instituição, que surge então como a solução para esta contaminação.
- "Afastar de si o espírito de violência...
não seguir o jogo do Grande Engano"
–❗ Crítica: Vago e ideologicamente carregado. O termo "Grande Engano" é uma expressão típica da retórica conspiracionista e dualista da instituição. Ela é usada internamente para deslegitimar o mundo moderno, a democracia, os direitos humanos e a luta de classes como “caos moral”. - "A Alma não tem sexo nem idade..."
– ✅ Conceito espiritual interessante, mas...
–❗ Crítica: É contraditório com as seções seguintes, que impõem funções fixas baseadas em gênero, o que torna essa parte um mero enfeite retórico. - "Dar prioridade ao Espírito sobre a carne
passageira"
–❗ Crítica: Reforça uma moral ascética e dualista que desvaloriza o corpo, o prazer e a experiência humana como inferiores. Isso serve como base para justificar repressões sexuais, hierarquias espirituais e discursos culpabilizantes.
II. Código para as Damas
- "Reconhecer-se encarnações do Amor, com seus
atributos de generosidade, inocência, caridade, beleza e doçura."
– ❗ Crítica: Reduz a identidade feminina a atributos idealizados: doçura, inocência, beleza — um arquétipo que infantiliza e romantiza o papel da mulher, excluindo múltiplas formas de existência feminina (fortes, críticas, assertivas, racionais). - "Dedicarem-se à pedagogia e ajuda aos
jovens"
– ❗ Crítica: Prescreve funções educativas e maternais, perpetuando papéis sociais tradicionais. A mulher na Nova Acrópole é vista como suporte da comunidade, não como líder intelectual ou estratégica. - "Repudiar a mulher-objeto em busca da
mulher-ideal"
– ❗ Crítica: A ideia da “mulher-ideal” não é libertadora, mas sim normatizadora. O ideal imposto aqui vem do próprio fundador, que ditou o que é “digno” da mulher — reforçando submissão, passividade e pureza. - "Superar instabilidade e fragilidade
emocional, disciplinar emoções"
– ❗ Crítica: Reflete um preconceito de gênero: a mulher é vista como mais instável, frágil, emocionalmente desequilibrada — algo que precisa ser “disciplinado” para se tornar útil ao Ideal. Além disso, trabalha com a ideia de que as emoções devem ser controladas, sem levar em consideração os atuais estudos da psicologia, que demonstram não serem eficientes para o desenvolvimento humano. - "Amar a poesia, dança, música... à maneira
clássica, para embelezar o mundo e a si mesmas."
– ❗ Crítica: Estética controlada. A “maneira clássica” é um código para restringir expressões artísticas modernas, populares ou culturais que não se alinhem com os valores elitistas da instituição. - "Cuidar não só da estética do corpo, senão
que da ética da alma; Perceber de forma segura que toda a beleza e
harmonia começam no espiritual."
– ❗ Crítica: Idealiza a mulher como guardiã da pureza e da estética. Esse é um instrumento de controle moral e visual. A mulher acropolitana precisa ser “bonita e ética” conforme padrões impostos.
Importante: você pode se perguntar, se a instituição é tão sexista assim, porque será que algumas das principais figuras da instituição são ou foram mulheres? As mulheres que ascenderam na instituição conquistaram e casaram com seus respectivos chefes/mestres. E em muitos casos eles já eram casados anteriormente com outras esposas, mas se envolveram com suas discípulas (ou foram seduzidos por elas). Foi o caso de Delia (ou Adelia, seu nome verdadeiro) como diretora internacional, e também temos casos conhecidos no Brasil. Vale investigar a história dos principais casais-chave na instituição.
III. Código para os Cavalheiros
- "Tornar-se paladinos de causas difíceis.
Entender que não há impossível, senão que impossibilitados."
– ❗ Crítica: O homem é moldado para ser um guerreiro espiritual, engajado, combativo — um “soldado do Ideal”. Isso reforça uma masculinidade rígida, quase militarista, típica das Forças Vivas. - "Manter presença de ânimo na adversidade...
Não fugir dos perigos nem dos combates por causas nobres."
– ❗ Crítica: Sugere que fraqueza, dúvida ou sofrimento não têm lugar. Isso reforça repressão emocional e culto ao modelo de estoicismo que foi difundido pelos coachs de comportamento — que favorece submissão sem queixas ao Mando. - "Ser sempre honrado, pagar escrupulosamente
todas as suas dívidas, mas esquecer com generosa altivez aqueles que lhe
devem"
– ✅ Positivo, mas...
– ❗ Crítica: Traz um ideal de “cavaleiro moral” que, na prática institucional, é utilizado para justificar sacrifícios pessoais extremos e tolerância a abusos em nome do Ideal. Você deve ser impecável, porém deve tolerar que seus mandos lhe devam, e não sejam tão íntegro com você, tal como você é com eles. - "Proteger damas, crianças, idosos... ignorar
os tolos que pretendem ofender ou menosprezá-los"
– ❗ Crítica: Reflete um ideal paternalista e elitista. Os homens são vistos como protetores; as mulheres, como frágeis; os opositores, como ignorantes. Isso sustenta a estrutura de superioridade moral do grupo. - "Cultivar o Amor antes do sexo, a amizade
antes que o companheirismo ocioso e a indiferença cúmplice"
– ❗ Crítica: Prescreve repressão sexual, compatível com a exigência de celibato que ocorre nas Forças Vivas. O impulso sexual é visto como ameaça à pureza do Ideal. Pedem-lhe que não seja um cúmplice indiferente, porém esse é o comportamento que mais se reproduz nas instâncias superiores, dado que os diretores internacionais engavetam qualquer denúncia que chega a eles, e entregam os denunciantes para aqueles que foram denunciados. - "Estar pronto para ajudar, não buscar
ajuda"
– ❗ Crítica: Incute o dever de servir a instituição e aos outros, mas nunca se queixar. Isso cria o "servo ideal": disponível, submisso e silencioso. Além disso, incentiva que os homens não entrem em contato com sua subjetividade, ou seja, suas insatisfações, incômodos, desagrados. - "Saber orar e saber morrer"
– ❗ Crítica: Frase simbólica, que remete à mística sacrificial do grupo. Induz o acropolitano a preparar-se para a entrega total — inclusive da vida, se necessário — em nome do Ideal.
O “Código de Honra” da Nova Acrópole é uma peça ideológica de engenharia social. Sob aparência elevada e espiritualizada, ele:
- Reforça papéis de gênero antiquados e rígidos;
- Incute culpa, repressão e idealizações irrealistas;
- Exige renúncia pessoal extrema em nome de um Ideal que serve à perpetuação do poder hierárquico da organização;
- Cria um clima de autopoliciamento, obediência e sacrifício silencioso.
Trata-se, portanto, não de um código para formar filósofos livres e críticos, mas um manual para formar soldados espirituais dóceis, moldados à imagem e semelhança do fundador e dos Mandos.
A Preparação para a Submissão Total
O programa de Filosofia Acropolitana culmina com a introdução ao conceito das Forças Vivas — a elite interna da organização, composta por membros que se submeteram a provas físicas, psicológicas e simbólicas para demonstrar lealdade ao Ideal e aos Mandos.
A promessa inicial de uma filosofia libertadora é convertida em uma vivência de servidão emocional e espiritual. A cada passo, o estudante é levado a se identificar com a instituição — não mais como pensador livre, mas como discípulo obediente, pronto para servir incondicionalmente à missão. O compromisso filosófico cede lugar à fidelidade institucional. A liberdade é substituída por lealdade. O questionamento é substituído pela repetição.
E o filósofo... transforma-se, sem perceber, em um fanático devoto.
Forças Vivas – A Iniciação do Corpo e da Vontade
Figura 1. O "comandante supremo" JAL e o estandarte das três brigadas que compõe seu exército.
Se o curso de Filosofia Acropolitana prepara a mente para a obediência, as Forças Vivas têm a função de capturar o corpo e a vontade do adepto. Nesse estágio, o processo de submissão torna-se físico, simbólico e ritualizado, aproximando-se nitidamente de práticas típicas de seitas esotéricas com estrutura militarizada.
O Núcleo Religioso da Organização
Ao contrário do que é publicamente apresentado, a Nova Acrópole possui um núcleo estritamente religioso: as Forças Vivas. Sua função não é filosófica nem educativa, mas sim devocional. Trata-se da elite iniciática dividida em três castas operacionais:
- Corpo de Segurança – responsável por proteger a instituição, garantir a ordem dos eventos. Seu princípio básico é obediência e manutenção do sistema piramidal na instituição;
- Brigada Feminina – Encarregada de manter o “fogo” da instituição aceso, como as “virgens” vestais que cuidavam do templo na antiguidade. Na prática, trabalham desde a recepção, limpeza, cozinha e cuidados e “aspectos femininos” da estrutura;
- Brigada Masculina – Encarregados em materializar as ideias, dando formas para elas. Na prática, dedicados a tarefas físicas e manuais, como montagens, reparos e manutenção.
Importante: A partir da publicação das matérias no jornal El Español e El País, Nova Acrópole se camuflou novamente. Agora os grupos de forças vivas se chamam “Grupo de Segurança”, “Grupo Feminino” e “Grupo Masculino”. Os braceletes deram lugar aos broches e os uniformes cerimoniais foram substituídos por capas. A pergunta que fica é: se há convicção de que seus atos são corretos, porque a instituição precisa se camuflar? Algum dia a pressão da sociedade tornará a instituição menos disfuncional?
Essa separação por gênero, longe de simbólica, reproduz e reforça os papéis tradicionais definidos no Código de Honra. A mulher deve servir com doçura. O homem, com força e honra. Ambos, em silêncio.
Figura 2 Esta foto ilustra bem o espírito da organização. Reparem no homem de pé, segurando o estandarte do fundador da instituição. Ele passou horas ali de pé segurando o estandarte do chefe Jorge Angel Livraga, enquanto JAL e sua cúpula se reúnem em um hotel de luxo com os diretores nacionais. As despesas de JAL e desses diretores, paga com o dinheiro dos acropolitanos. Já o homem de pé... passou dias sem dormir alternando escalas de guarda com seus colegas. Ele pagou do próprio bolso para estar lá TRABALHANDO como voluntário. Teve que parar semanas de seu trabalho, do convívio com os seus familiares, se hospedar em algum hotel barato na região (os forças vivas não ficam no mesmo hotel que os dirigentes), e estar sempre à disposição. O que levaria uma pessoa em sã consciência a viver dessa forma? Não me pergunte, pois quem vos escreve já fez isso e se sentia honrado com tamanho sacrifício.
O Aspirantado: O Desejo Como Ferramenta de Domínio
O ingresso nas Forças Vivas não é imediato. Primeiro, o candidato entra em um período chamado aspirantado, com duração de cerca de um ano. Durante esse tempo:
- É avaliado psicologicamente, sem saber;
- Recebe acesso controlado a conteúdos internos;
- É levado a se envolver cada vez mais com as atividades;
- Tem seu desejo de “ascensão” aos conhecimentos superiores, manipulado como isca para submissão total.
Aqui, o querer pertencer é usado como mecanismo de dominação. Quanto mais o aspirante se esforça para ser aceito, mais natural se torna a renúncia às suas vontades e convicções pessoais.
O Provacionismo: Rituais de Quebra Psicológica
Ao ser considerado “apto”, o aspirante entra no provacionismo, uma etapa iniciática que pode durar até dois anos, estruturada em provas rituais, divididas por fases. Cada fase foca em um aspecto do ser, e é adaptada conforme a estrutura de cada escola:
- Físico – 8 horas de trabalho na sede da escola, em silêncio; Caminhar longas distâncias;
- Energético – Dar um presente material para a sede, que possua grande valor para o provacionista;
- Emocional - Oferecer festas, jantares aos acropolitanos mais antigos; Também pode ser a apresentação de uma música, ou poesia. Há poucos anos atrás, fazia parte da prova o diretor da instituição falar sobre seus "defeitos" e erros perante o grupo de ffvv, sem que o provacionista pudesse responder. Atualmente essa prova não é mais realizada.
- Mental – ministrar alguma aula como forma demonstração de sua aptidão intelectual;
- Em geral, ele será avaliado por membros veteranos de forma subjetiva, considerando o nível de submissão e capacidade de ação do pretendente às forças vivas.
A culminação é uma prova final nacional, composta por atos simbólicos de submissão física e psicológica:
- Subir montanhas carregando pedras;
- Entrar em rios gelados de madrugada;
- Pular de olhos vendados sobre lâminas (truqueado para parecer real);
- Colocar as mãos no álcool e no fogo, como forma de “purificação ritual”.
Essas provas variam conforme a região, e são cuidadosamente encenadas para produzir impacto emocional, confusão sensorial e aumento do vínculo com o grupo. Trata-se de quebras de resistência típicas de processos de doutrinação intensiva.
Matérias de jornais sérios com ex-Forças Vivas de outros países demonstram o mesmo expediente: El Español e El País (Uruguai).
A Investidura e o Juramento
Concluídas as provas, os candidatos são levados a um espaço ritualístico — chamado “Templo das Forças Vivas” — onde:
- Fazem um juramento solene de fidelidade;
- Comprometem-se diante do símbolo e do diretor(a) nacional;
- Passam a integrar oficialmente a casta das Forças Vivas.
Esse momento tem caráter quase-sacerdotal: é tratado como renascimento simbólico, onde o adepto morre para sua identidade antiga e renasce como soldado do Ideal.
Templo e Cerimônia das BBFF (grupo feminino). |
A Vida Como Força Viva: Dever, Servidão e Obediência
Uma vez investido, o membro das Forças Vivas adquire novas obrigações:
- Participar de escalas de guarda e trabalho da escola;
- Manter-se disponível para tarefas logísticas e eventos nacionais;
- Receber formação sobre os aspectos que lhes competem de acordo ao Rol de Força Viva.
- Preencher mensalmente o relatório septenário, onde indica criteriosamente qual o nível de entrega à instituição. Ver modelo: https://gofile.io/d/zN3J7P
No caso do Corpo de Segurança:
· Receber formação para desenvolver a “mentalidade de segurança”, obediência e de manutenção do sistema da instituição. Isso se dá através de atividades de ordem unida, por exemplo, onde os dirigentes mantém os FV de pé durante horas, executando comandos similares aos dos militares.
- Portar e aprender a utilizar armas brancas como parte do seu kit pessoal.
- Cumprir cerimônias semanais e pernoitar em vigilância madrugadas adentro.
- Sua máxima: “não querer viver a qualquer preço”.
Figura 3 Esta foto pública da instituição, aparentemente inocente, mostra um voluntário do Corpo de Segurança portando bastão e equipamento de radiotransmissão durante uma atividade pública da instituição. Exercem função de vigia como voluntários sem capacitação técnica exigida por lei. Inclusive uma dessas atividades, executada na fazenda (sede central de Nova Acrópole Brasil Norte) ocasionou na morte de um CS com arma de fogo, quando ele exercia a função de guarda na guarita da instituição, sem capacitação. Os autos do processo (clique aqui) demonstram isso. Nova Acrópole foi condenada, inclusive, mas ninguém fez nada a respeito. Naquele momento, a diretora internacional apenas emitiu um decreto proibindo a circulação de armas de fogo dentro das sedes, porém não ofereceram nenhum amparo à família da vítima. E seus irmãos de brigada mentiram nos depoimentos, negando qualquer atividade do tipo. VOCÊ, CAVALHEIRO DE SEGURANÇA, SAIBA QUE SE MORRER EM SERVIÇO, SUA FAMÍLIA SERÁ ABANDONADA. TUDO RECAIRÁ EM SUAS COSTAS, E AS PESSOAS QUE REALMENTE O AMAM FICARÃO COM UMA ETERNA DOR, SEM RESPOSTAS, SEM APOIO ALGUM!
No caso da Brigada Feminina:
- Receber formação para desenvolver a pureza e doçura que uma dama deve ter. Na prática, isso será usado para você seduzir novos membros com o aspecto do “love bombing”. As pessoas se sentirão acolhidas e amparadas por você, e então será usada como isca.
- Receber formação sobre como reprimir sua sexualidade, sua “instabilidade”, e desenvolver o senso estético que é apropriado para a instituição. Sua máxima: “não querer ser amada a qualquer preço”.
- Máxima utilizada como mecanismo para te distanciar de seu parceiro, caso o mesmo não seja acropolitano e não esteja disposto a se submeter também.
Figura 4. Foto extraída das redes sociais de uma BF (Participante da brigada feminina). Você vai passar a madrugada na sede nacional, limpando frango, e se sentirá feliz ao ponto de querer compartilhar isso nas redes sociais. Além disso, você viajará 600km de carro em uma sexta-feira, deixará seus filhos com alguém, arcará com despesas de hospedagem, transportes e taxas de evento e trabalhará durante todo o final de semana, com algumas aulas superficiais sobre “como servir melhor” entre um trabalho e outro. Poderá também ser premiada com a honra de preparar o café da manhã da diretora nacional, então acordará 2 horas antes que os demais para ficar à disposição da diretora, servindo com orgulho os pratos que são preparados com especiarias diferentes da comida dos demais, e ficará de pé ao lado dela, de prontidão, enquanto ela atende outros dirigentes em reuniões particulares.
No caso da Brigada Masculina:
- Receber formação para desenvolver sua capacidade de plasmar ideias em formas belas. Na prática, aprenderá a pintar paredes, executar todo tipo de trabalho braçal para que sua escola fique impecável.
- Como você não possui a firmeza necessária para ser parte do corpo de segurança, aprenderá os mesmos aspectos de obediência, só que em um formato mais light.
- Sua máxima será “não querer descansar a qualquer preço”.
Figura 5. Atividade "lúdica" entre os Camisas Pardas (assim que são chamados os brigadistas masculinos), onde você aprende sobre como se entregar para seu camarada sem ser um peso para ele.
O tempo e o corpo do adepto passam a pertencer à instituição. Seu novo status exige lealdade incondicional, dedicação permanente e abstenção de críticas. É o início da vigilância externa — mas sobretudo, da autovigilância interna.
As Forças Vivas representam o ponto de não retorno na jornada do acropolitano. A filosofia desaparece. A crítica se cala. O eu se dissolve na função. Nesse estágio, a pessoa não é mais um estudante de filosofia, mas um instrumento humano a serviço de uma ordem que não compreende totalmente — mas que venera como se fosse sagrada.
E o pensador, antes curioso e entusiasta... Agora veste o uniforme, carrega a instituição nas costas e faz vigília em nome de um Ideal que nunca mais poderá questionar.
A Escola do Discipulado – A Morte do Eu
Figura 6. Djed - Imagem egípcia que é símbolo da ED, onde o discípulo passa a ser uma coluna que sustentará o Ideal (na verdade, a instituição e aqueles que se aproveitam dela)
Figura 7. Você então servirá como base de sustentação da cúpula. Uma cúpula que está em ruína moral, repleta de corrupção. Será coluna de um templo que, como na imagem, está vazio, já não possui mais significado. Já não carrega aquilo que deveria ser sagrado.
Se as Forças Vivas já demandam obediência, a Escola do Discipulado (ED) representa a lapidação final da vontade individual. Ali, o acropolitano deixa de ser um membro devoto para se tornar um discípulo — não no sentido socrático de quem aprende com liberdade, mas no sentido teosófico-esotérico de quem submete-se completamente a um sistema fechado, simbólico e hierarquizado.
A Promessa: Acesso aos "Pequenos Mistérios"
O discurso introdutório à ED oferece uma promessa grandiosa: penetrar nos Pequenos Mistérios, o que evoca a tradição das escolas iniciáticas antigas. Essa linguagem mística sugere que o discípulo será guiado rumo a níveis superiores de consciência e sabedoria, por meio de práticas interiores, purificação moral e desenvolvimento das virtudes.
A Realidade: O Treinamento para Obediência Total
Na prática, a ED é um programa de doutrinação disciplinada, estruturado para:
- Consolidar o vínculo de lealdade à instituição;
- Apagar a individualidade do membro;
- Hierarquizar espiritualmente os acropolitanos;
- Preparar os futuros "Hdos." (Heróis ou Machados), que são os mais altos graus do círculo interno.
- Controlar psicologicamente o membro, através de mecanismos que podem ser utilizados para chantagem – igual à cientologia. Mensalmente o participante é obrigado a entregar um relatório onde confessa seus maiores defeitos, bem como uma série de outras informações, como se exerceu uma semana de castidade absoluta. Ver modelo: https://gofile.io/d/YEmHCN
A ED não é aberta a todos os membros — apenas às Forças Vivas com mais de dois anos de atuação disciplinada, e mesmo assim mediante convite ou solicitação formal. Seu conteúdo é dividido em cinco graus, que formam um sistema piramidal de avanço espiritual e institucional.
O conteúdo abaixo foi extraído de documento interno, escrito por Delia Steinberg: https://docs.google.com/document/d/1CzMM380bW5Xj0fKoCAShuJJICas9ib-H
Estrutura da Escola do Discipulado
1º Grau – O Pórtico (As Portas do Templo)
Corresponde ao estágio inicial das Forças Vivas. Aqui, o candidato conhece o Código de Honra, participa das cerimônias, cumpre escalas e é apresentado a exercícios básicos chamados de “1º Peldaño” (primeiro degrau). Não há mística ainda, mas já se instaura a lógica da disciplina e da renúncia.
As Ferramentas da ação discipular: disciplina, obediência e militância.
2º Grau – O Pátio Aberto
Após 6 a 12 meses na ED, o membro é introduzido formalmente na matéria. Ele começa a estudar conteúdos específicos da "Primeira Ronda", incluindo virtudes e defeitos do discípulo, com exercícios práticos que visam moldar seu comportamento e “lapidar” sua personalidade.
Aqui inicia-se o modelo do autoaperfeiçoamento vigiado: o membro é avaliado constantemente por instrutores (diretor nacional, chefe de filial e chefe do corpo nas forças vivas), que decidem se ele poderá ou não avançar.
3º Grau – O Pátio das Colunas
Esse grau marca a entrada efetiva na vida discipular. Os temas agora giram em torno da identidade interior, dos diálogos simbólicos entre “Mestre e Discípulo”, e do desenvolvimento da "Coluna Interior". O degral completo é exigido, incluindo práticas regulares, avaliações, relatórios e rituais.
O objetivo oculto: eliminar a autonomia psíquica, consolidando um estado de submissão afetiva e mental ao "Ideal" e à hierarquia.
4º Grau – Às Portas do Santuário
O discípulo entra em estado de interiorização profunda. Práticas meditativas, exercícios repetitivos, jornadas simbólicas e provas de disciplina formam um ciclo contínuo que pode durar dois anos ou mais. O foco aqui é provocar transformações cognitivas e espirituais duradouras, criando uma nova identidade esotérica no adepto.
Essa fase é comparável a estágios de "lavagem cerebral espiritual" em outras seitas iniciáticas — o indivíduo já não pertence mais a si mesmo.
5º Grau – O Santuário
O último grau é chamado de “provação”. Não há tempo determinado. O adepto agora realiza exercícios avançados (2º degrau em diante) e vive em estado de vigilância contínua. É considerado pronto para tornar-se um machado — grau máximo da hierarquia espiritual da Nova Acrópole.
Adendo: depois de se tornar um machado, existem quatro níveis superiores, que eles chamam de “Correntes”. Machados com 1, 2, 3 até 4 correntes (o nível aumenta conforme a relevância do cargo). E tal ascenção não é determinada por critérios espirituais, mas sim com critérios pessoais e políticos. Um diretor nacional pode estacionar o processo de desenvolvimento de um machado ou retirar o grau de machado. É o que acontece normalmente quando algum machado se posiciona de alguma forma contrária aos interesses pessoais de algum diretor nacional, e/ou denuncia irregularidades. A informação chega até o diretor nacional que remove o machado do acropolitano (existem vários casos documentados). O diretor nacional possui enorme autonomia no destino “discipular”, por isso há um grande medo e uma enorme obediência dentro da instituição, mesmo diante de crimes cometidos.
A Lógica da Pirâmide Esotérica
A ED introduz o conceito de “piramidalização interior”. Não se trata apenas de funções administrativas: é uma hierarquia mística. Cada discípulo é avaliado pelo seu “trabalho interior”, sua “pureza” e sua capacidade de sacrifício. Quem avança, é exaltado. Quem estagna, é respeitado com condescendência, mas sabe que está em um nível inferior.
Essa lógica cria:
- Pressão social interna por progresso;
- Autoavaliação constante;
- Sensação de culpa por não avançar;
- Competição espiritual mascarada de humildade.
Da Filosofia ao Cativeiro do Espírito
A Escola do Discipulado marca a institucionalização da alma. O que começou como um curso de filosofia termina em um sistema onde:
- O “Ideal” é mais importante que a verdade;
- O Mestre tem sempre razão;
- O discípulo é um instrumento, não um ser pensante;
- A vida pessoal cede lugar à missão.
Aqui, o pensador está morto.
O ser livre tornou-se servo.
O amante da sabedoria foi substituído pelo guardião do dogma.
Os Machados – A Entrega Total
A Consagração do Corpo, da Alma e do Legado
Ao final da longa jornada de condicionamento físico, simbólico e espiritual da Nova Acrópole — que começa com o curso introdutório, passa pelas Forças Vivas e culmina na Escola do Discipulado — surge um último e definitivo estágio: Los Hachados, ou Machados, como são chamados em português. Trata-se do cume da pirâmide esotérica da instituição.
Aqui, o acropolitano:
- Se compromete a não ter filhos (caso ainda não os tenha);
- Se compromete a deixar seu patrimônio pessoal para a organização;
- Assume um símbolo sagrado: o machado — instrumento de autoridade, guerra e sacrifício, segundo a simbologia acropolitana.
- Exerce um juramento de entrega completa ao seu diretor nacional e internacional, o que é gravíssimo, pois quebrar um juramento é quebrar a si mesmo.
O Significado Oculto do Machado
O documento ¿Por qué portamos hachas? revela a essência deste nível. O machado é apresentado como:
“Símbolo do Sacrifício do Mando... arma ritual e libertadora, que abre caminho à luz, destrói monstros e representa a autoridade sobre os homens.”
Essa linguagem é mais do que simbólica: ela instaura um regime espiritual-militar, em que os Machados são não apenas líderes, mas guardiões místicos da missão planetária da Nova Acrópole, investidos de uma aura quase divina. São vistos como enviados do “Destino”, com a função de proteger a hierarquia e manter a pureza do Ideal.
O Dogma da Obediência Trina
O Almena nº 1, texto reservado exclusivamente aos Hachados, explicita o que se exige deles:
"UNIDAD DE DESTINO. UNIDAD DE OBEDIENCIA. UNIDAD DE TRABAJO Y PERMANENCIA."
Essa tríade representa o aniquilamento definitivo da individualidade:
- Destino: não há projeto de vida próprio, apenas o que for útil ao Império Filosófico.
- Obediência: as ordens do Mando não podem ser questionadas.
- Permanência: o compromisso é vitalício, transcendente, e a deserção é considerada traição espiritual.
A Repetição Ritual: O “Sou um Hachado”
O documento determina que os Machados devem repetir todos os dias a frase:
"Soy un Hachado", ao acordar, ao meio-dia e ao deitar-se.
Essa prática de repetição interior é uma técnica clássica de autossugestão e reforço identitário, usada em cultos para dissolver o eu racional e consolidar a nova identidade mística. Em caso de esquecimento, o exercício deve ser suspenso por três dias — reforçando a noção de culpa e vigilância espiritual permanente.
O Império Filosófico e o Rejeito à Igualdade
O texto de Almena rejeita abertamente a igualdade como valor:
“Nada separa tanto como a igualdade, pois todos somos desiguais. Essa desigualdade formal é riqueza e beleza.”
Esse trecho revela o fundamento ideológico anti-igualitário e elitista da Nova Acrópole. Os Machados são parte de uma aristocracia espiritual. A missão não é integrar, mas liderar — não é incluir, mas hierarquizar. Eles devem guiar a “Nova Humanidade” como cavaleiros de uma ordem invisível, em nome de um Ideal que apenas eles compreendem.
Celibato e Renúncia Patrimonial: O Corpo e a Herança à Ordem
Os compromissos exigidos dos Machados não são apenas espirituais:
- Renunciar à paternidade reforça a dedicação exclusiva à instituição;
- Entregar o patrimônio pessoal garante a perpetuação material da ordem e consagra a servidão total.
Isso consolida a Nova Acrópole como um sistema que captura não só a alma do indivíduo, mas também seu futuro e seus bens. O corpo, o desejo, o dinheiro, os afetos: tudo é subordinado ao Ideal.
Conclusão: O Ciclo Final da Alienação
Os Machados representam o ponto final de um percurso de domesticação espiritual progressiva. Do estudante de filosofia ao discípulo, e do discípulo ao soldado do Mando, a Nova Acrópole transforma buscadores de sentido em agentes da sua própria dominação.
Eles não são líderes livres, mas peças de uma engrenagem simbólica, onde:
- O Ideal é inquestionável;
- O Fundador é um profeta;
- A estrutura é sagrada;
- E a vida do indivíduo... irrelevante fora do culto.
“Quando um Hachado passa, deve-se levantar — não por ele, mas pelo Mistério que o habita” – diz Livraga.
A essa altura, a filosofia está morta.
O pensamento crítico foi queimado no altar da fidelidade.
O último elo com o mundo real foi rompido.
O Hachado é, enfim, um devoto eterno de um império invisível.
E a Nova Acrópole, sua igreja, seu exército, e seu túmulo.
Se você, leitor, considera isso saudável, ou considera que houve uma manipulação dos fatos por quem lhes escreve, leia com seus próprios olhos, nas fontes e tire suas conclusões:
Almenas: https://drive.google.com/drive/folders/1kf1LzUzlLc3XPUybVp6Fg1Mbdhfitq1f
Bastião nº 9 – Porque Portamos Machados
https://docs.google.com/document/d/1atPA6G3B0cTN4lkWvg0wkce8octBtO4j
VEJA COMO É O PROCESSO DE LAVAGEM CEREBRAL, ATRAVÉS DAS PRÁTICAS QUE OS MACHADOS SÃO SUBMETIDOS: https://docs.google.com/document/d/1c9Cde-ZVfs6tuwKH_A2SJUo_kX8sBZA7
SE VOCÊ DESEJA CONTAR SUA HISTÓRIA, FAZER ALGUMA DENÚNCIA OU ENVIAR ALGUM DOCUMENTO, NOSSO E-MAIL É vitimasdenovaacropole@protonmail.com
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